sexta-feira, abril 26, 2024

mihaela moscaliuc

 Self as Goat in Tree
 
Nine goats scamper up
the gnarly argan tree and graze it clean.
They ingest the wrinkled fruit whole,
though it’s the bitter pulp alone
that rouses their appetite for more.
Sated, they stare at the horizon
till branches wear thin and fall.
Farmers harvest goats’ droppings
to extract the pit rich in kernels of oil.
Haven’t you too wished yourself a goat
perched punch-drunk on a linden tree,
blasé about the gold you might shit,
how it might serve both hunger and greed.
Haven’t you goaded yourself
to balance just a bit longer,
chew on some fugitive scents,
forget what a ditch the earth is.
 
 
 
 
Eu como cabra numa árvore
 
Nove cabras trepam
à retorcida argânia e pastam-na totalmente
Engolem a fruta enrugada toda,
embora seja apenas a polpa amarga
que desperta seu apetite por mais.
Saciados, olham para o horizonte
até os ramos se desgastarem e caírem.
Os agricultores safram o excremento das cabras
para extrair a semente rica em grãos de azeite.
Não desejaste também estar uma cabra
empoleirada bêbada numa árvore de tília,
a leste do ouro que podias poiar
Servindo quer a fome quer a ganância
blasé sobre o ouro que você pode cagar,
como pode servir tanto a fome quanto a ganância.
Não te instigaste a ti mesmo
a equilibrar-te mais um bocado,
a mascar alguns aromas fugitivos,
a esquecer o fosso que a terra é.