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segunda-feira, janeiro 22, 2024

stella díaz varín

  
Ven de la luz, hijo
 
Que te ciegue la luz, hijo.
Ven de la luz;
desde donde la pupila sueña
y vuelve atormentada,
como un escombro vivo,
como especie de flor, como pájaro.
Carbón de víscera terrestre,
así como víscera de árbol.
 
Deja que se ensañe la luz, hijo,
Desciende como los antiguos ángeles,
como los malos discípulos,
ardiendo en su pasión, desheredados.
Así como las fieras, hijo.
Incomprendidas del río, intocadas
absolutas, tristes.
 
Ese será el día
—presentimiento que no quise,
tú sabes, los conoces—
que tomaré la forma deseada.
 
Ojo de estiércol, húmedo;
aprisionaré tu llama,
tu superficie extraceleste
tu mirada de centro obscuro,
tu trigal;
la tibia voluntad de tu piel
me ayudará y seremos.
 
Nunca antes pudimos.
Yo era como esas pequeñas fuentes secas.
Desciende, hijo, de la luz;
avizora el espacio,
avizora el horizonte.
La curva que deja el corazón de un muerto,
la mano que se esconde,
la mano que nadie quiso acariciar.
 
Seremos.
Tú y yo venidos
irremisiblemente;
unidos como dos tallos jóvenes aún;
queriendo apenas lo que no se nos dio.
Amando
lo que la luz aconseja:
el vértigo, la hondonada, el silencio,
el color de las piedras;
tantas cosas simples y distintas.
Llegaremos a amar la contextura de Dios
tan difusa;
 
tan perfecta como tus pequeños ídolos.
La madera de Dios
tan bella y roja
como el corazón de los árboles.
Tan bella y roja
como el corazón del veneno.
 
Que te ciegue la luz, hijo.
Que te atormente.
Ven de la luz, inúndate;
ten la luz y desmiente la tiniebla.
Ven, hijo, arrodíllate.
Cree en los amaneceres.
En la luz son más bellos los ojos de Dios.
 
 
 
 
Vem da luz, filho
 
Que a luz te cegue, filho.
Vem da luz;
de onde a pupila sonha
e volta atormentada,
como um escombro vivo,
como uma espécie de flor, como um pássaro.
Carvão de víscera terrestre,
assim como víscera de árvore.
 
Deixa que a luz brilhe, filho,
Desce como os antigos anjos,
como os maus discípulos,
ardendo na sua paixão, deserdados.
Assim como as feras, filho.
Incompreendidas do rio, intocadas
absolutas, tristes.
 
Esse será o dia
- pressentimento que não quis,
tu sabes, conhece-los -
em que tomarei a forma desejada.
 
Olho de chorume, molhado;
aprisionarei a tua chama,
a tua superfície extra-celeste
o teu olhar de centro escuro,
o teu campo de trigo;
a morna vontade da tua pele
ajudar-me-á e nós seremos.
 
Nunca antes conseguimos.
Eu era como essas pequenas fontes secas.
Desce, filho, da luz;
avista o espaço,
avista o horizonte.
A curva que deixa o coração de um morto,
a mão que se esconde,
a mão que ninguém quis acariciar.
 
Seremos.
Tu e eu vindos
irremissivelmente;
unidos como dois caules jovens ainda;
querendo apenas o que não nos foi dado.
Amando
o que a luz aconselha:
a vertigem, as profundezas, o silêncio,
a cor das pedras;
tantas coisas simples e diferentes.
Chegaremos a amar a contextura de Deus
tão difusa;
 
tão perfeita como os teus pequenos ídolos.
A madeira de Deus
tão bela e vermelha
como o coração das árvores.
Tão bela e vermelha
como o coração do veneno.
 
Que a luz te cegue, filho.
Que te atormente.
Vem da luz, inunda-te;
Tem a luz e desmente as trevas.
Vem, filho, ajoelha-te.
Acredita nos amanheceres
Na luz são mais belos os olhos de Deus.