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segunda-feira, junho 10, 2024

nastasia rugani

 
Se souvenir de la morsure
 
Tu portais la dentelle haut sur le velours de ton crâne
Tu courais d’un costume à l’autre,
Tes mains encore collées de meringue et de praline.
Dans les siennes, immenses à broyer,
Tu te repliais,
Monnaie-du-pape asséchée.
Combien de bouquets se sont fanés sur ta tombe ?
Visage posé dans le blanc du sommeil,
Mensonges sous les ongles.
Larves de coléoptère remuant le macérât qui a vu tes pieds grandir,
Statue friable,
Maison de séismes,
Où est la petite fille ?
Le cadre penche en haut du mur,
Mouche morte sur la plinthe dégarnie,
De la peinture sur les pieds nus ;
Tu avais déménagé.
Tu avais changé la maison et le nom du pays,
Avais gardé le langage ennemi.
Tu avais bu une autre mer et craché un autre sable,
L’œil sur le fil toujours décousu.
Tu as raccommodé les jacquards et les flanelles
Ton nom pris dans le sien ; morsure éternelle.
 

 
 
Lembrar-se da dentada
 
Andavas com a renda alta no veludo do teu crânio
Corrias de uma veste para outra,
Com as mãos ainda coladas dos suspiros e da pralina.
Nas dela, enormes para esmagar,
Retiravas-te
Lunaria seca.
Quantos buquês  murcharam na tua campa?
Rosto deitado no branco do sono,
Mentiras debaixo das unhas.
Larvas de besouro mexendo o macerado que viu os teus pés crescer,
Estátua friável,
Casa de sismos,
Onde está a menina?
O quadro inclina-se no cimo da parede,
Mosca morta no rodapé calvo,
Tinta nos pés descalços;
Tinhas-te mudado.
Mudaste a casa e o nome do país,
Mantiveste a linguagem inimiga.
Bebeste outro mar e cuspiste outra areia,
O olhar no fio sempre descosido.
Consertaste  malhas e flanelas
O teu nome tomado do dela, dentada eterna.