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segunda-feira, janeiro 08, 2024

claire kalfon

 
Rêver la mer
 
J’y entre
comme on fracture une vitrine de magasin
comme on retourne dans le ventre de sa mère
Parfois la nuit est dans le jour
la mer opaque
Parfois le bleu est invincible
sable semoule
brûlant sous la plante du pied
et parasols abritant les fantômes
 
Une plage où le temps
est devenu un terrain vague
un horizon perdu qui se redessine
et puis j’y vais dans ce lit de mer
sous cet édredon d’écume
 
j’y vais
 
 
 
Sonhar o mar
 
Meto-me no mar
como fraturamos a montra de uma loja
como voltamos ao ventre da mãe
Às vezes a noite está no dia
mar opaco
Às vezes o azul está invencível
areia sêmola
a queimar a planta do pé
e guarda-sóis para os fantasmas
 
Uma praia onde o tempo
se tornou um terreno baldio
um horizonte perdido que se redesenha
e depois vou para aquela cama de mar
sob este edredão de espuma
 
vou