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terça-feira, maio 28, 2024

laura velarde


UNA ya no duele más
 
I
¿Y si fuera real
la mirada de un padre que pidió vacaciones
porque los pedazos de la madre desnuda
le saben a derrota?
 
II
El silencio: esta araña
atrapa-hombre
atrapa-mujer
destila lenguas muertas de objetos
en una habitación cerrada
donde tiempo y amor juegan
en extremos del patio de la casa
 
III
Es verdad que mi madre se escabulle allá abajo
sola
explorando el hervidero de su mar
en un ojo que nada ve,
pero que todo lo siente.
 
IV
Es verdad que mi madre desenvolvió su piel
tiró su ropa
soltó sus huesos
gozó el pezón oscuro.
 
De sus manos salió el árbol
chupó sus flores
penetró el río
hilvanó orgasmos
ofrendó a la mujer que es.
 
V
UNA ya no duele más
aunque hace varias hojas el silencio ya no pasa.
 
VI
Qué pequeña es la luna
cuando se arroja entera
detrás de la ventana
y grita secretos
en el cuarto de mi madre.
 
 
 
 

UMA já não dói
 
I
E se fosse real
o olhar de um pai que meteu férias
porque os pedaços da mãe nua
lhe sabem a derrota?
 
II
O silêncio: esta aranha
apanha-homem
apanha-mulher
destila línguas mortas de objetos
num quarto fechado
onde tempo e amor brincam
nas extremidades do pátio da casa
 
III
É verdade que a minha mãe se esgueira lá em baixo
sozinha
explorando o caldeirão do seu mar
num olho que nada vê,
mas que tudo sente.
 
IV
É verdade que a minha mãe desembrulhou a sua pele
tirou a roupa
soltou os ossos
gozou o mamilo escuro.
 
Das suas mãos saiu a árvore
chupou as suas flores
penetrou o rio
sublinhou orgasmos
oferendou a mulher que é.
 
V
UMA já não dói mais
embora faça várias folhas o silêncio já não passa.
 
VI
Como a lua é pequena
quando se lança inteira
por detrás da janela
e grita segredos
no quarto da minha mãe.