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terça-feira, outubro 22, 2024

franny choi



The World Keeps Ending, and the World Goes On
 
Before the apocalypse, there was the apocalypse of boats:
boats of prisoners, boats cracking under sky-iron, boats making corpses
bloom like algae on the shore. Before the apocalypse, there was the apocalypse
of the bombed mosque. There was the apocalypse of the taxi driver warped
by flame. There was the apocalypse of the leaving, and the having left—
of my mother unsticking herself from her mother’s grave as the plane
barreled down the runway. Before the apocalypse, there was the apocalypse
of planes. There was the apocalypse of pipelines legislating their way
through sacred water, and the apocalypse of the dogs. Before which was
the apocalypse of the dogs and the hoses. Before which, the apocalypse
of dogs and slave catchers whose faces glowed by lantern-light.
Before the apocalypse, the apocalypse of bees. The apocalypse of  buses.
Border fence apocalypse. Coat hanger apocalypse. Apocalypse in
the textbooks’ selective silences. There was the apocalypse of the settlement
and the soda machine; the apocalypse of the settlement and
the jars of scalps; there was the bedlam of the cannery; the radioactive rain;
the chairless martyr demanding a name. I was born from an apocalypse
and have come to tell you what I know—which is that the apocalypse began
when Columbus praised God and lowered his anchor. It began when a continent
was drawn into cutlets. It began when Kublai Khan told Marco, Begin
at the beginning. By the time the apocalypse began, the world had already
ended. It ended every day for a century or two. It ended, and another ending
world spun in its place. It ended, and we woke up and ordered Greek coffees,
drew the hot liquid through our teeth, as everywhere, the apocalypse rumbled,
the apocalypse remembered, our dear, beloved apocalypse—it drifted
slowly from the trees all around us, so loud we stopped hearing it.
 
 


 
 
O mundo continua a acabar, e o mundo segue em frente
 
Antes do apocalipse, houve o apocalipse dos barcos:
barcos de prisioneiros, barcos partindo-se sob um céu acidentado, barcos que faziam brotar
cadáveres como algas na costa. Antes do apocalipse, houve o apocalipse
da bomba na mesquita. O apocalipse do taxista desfigurado
pelas chamas. Houve o apocalipse do deixar, e do ter deixado-
da minha mãe descolando do túmulo da sua mãe enquanto o avião
deslizava pela pista. Antes
do apocalipse, houve o apocalipse dos aviões.
Houve o apocalipse dos oleodutos ditando a sua própria lei através da água sagrada,
e o apocalipse dos cães. Antes do qual veio o apocalipse dos cães
e os caminhões de água. E antes disso, o apocalipse dos cães e dos caçadores de escravos
cujos rostos brilhavam à luz do farol. Antes do apocalipse,
o apocalipse das abelhas. O dos coletivos. Apocalipse das fronteiras
de arame farpado. Apocalipse dos ganchos. Apocalipse na omissão seletiva dos livros
do texto. Houve o apocalipse do acordo
e da máquina de refrigerante; o apocalipse do assentamento dos colonos e
das jarras com couros cabeludos; houve a festança da comida enlatada; a chuva radioativa;
o mártir sem um assento reivindicando um nome. Eu fui parida por um apocalipse
e eu venho dizer-vos o que eu sei - o apocalipse começou
quando Colombo agradeceu a Deus e lançou a âncora. Começou quando cortaram
um continente para o repartir. Começou quando Kublai Kan disse a Marco, arranca
pelo princípio. Quando o apocalipse começou, o mundo já tinha acabado.
Terminou todos os dias por um ou dois séculos. Acabou, e outro mundo
agonizante deu voltas em seu lugar. Acabou, e acordamos e pedimos cafés à grega,
o líquido fervente atravessando os nossos dentes, enquanto em toda a parte o apocalipse grunhia,
o apocalipse lembrava, o nosso querido, amado apocalipse - desceu lentamente
entre as árvores ao nosso redor, com tanto barulho que no fim deixamos de o ouvir.