Mostrar mensagens com a etiqueta anabel torres. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta anabel torres. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, maio 08, 2024

anabel torres

Llego al cuarto de hotel.
Lanzo la llave,
el bolso, los periódicos
sobre la cama. Deshago la otra.
Hace calor. El sol chorrea por la ventana.
Estoy desnuda.
 
Cuando estoy sola como ahora
la piel adquiere
un tono amarillento,
como de libro sin usar:
calostro
derramado.
 
He visto mujeres y hombres
colgando de ganchos
en las blancas paredes de refrigeradores
metálicos, listos para la autopsia.
 
No he podido olvidar
el tinte amarillo naranja de sus pieles.
 
Jamás
por mi propia mano
me colgará el corazón de una percha.
 
Prefiero que éste vuele
y si no vuela,
que se arrastre.
 
La cama cruje
en el cuarto de enseguida.
 
Este libro que escribo
es un fraude:
 
estoy callada
y espero.
 
Espero callada,
vida,
quiero tu lengua en mi boca.
 
Quiero
las bocas del amor.
 
No quiero este cielo frío.
 

 
Chego ao quarto de hotel.
Atiro a chave,
a bolsa, os jornais
para cima da cama. Desfaço a outra.
Faz calor. O sol jorra pela janela.
Estou nua.
 
Quando estou sozinha como agora
a pele adquire
um tom desbotado de amarelo,
como de um livro não usado:
colostro
derramado.
 
Vi mulheres e homens
dependurados em ganchos
nas brancas paredes  de frigoríficos
metálicos, prontos para a autópsia.
 
Não consegui esquecer
a coloração amarela laranja das suas peles.
 
Nunca
pelas minhas próprias mãos
será dependurado o meu coração num cabide.
 
Prefiro que este voe
e se não voar,
que se arraste.
 
A cama range
no quarto ao lado.
 
Este livro que escrevo
é uma fraude:
 
estou calada
e espero.
 
Espero calada,
vida,
quero a tua língua na minha boca.
 
Quero
as bocas do amor.
 
Não quero este céu frio.