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sábado, novembro 16, 2024

kaira vanessa gámez


Los gusanos dilapidan la carne de mi abuelo
descosen sus dedos
para vomitarlos en mis ojos.
Acepto ser océano para su pierna
destazo el músculo, lo andado y hasta el hueso
aparto
de sí mismo.
Oscurezco en paz.
 
A cambio hablaré yo
la podredumbre
seré su voz descalza, su pureza.
Ahíta
en el tejido donde enmudeció su sangre
desollaré mi lengua de once años
para que mi idioma se aclare.
 
Quizá me guarde un lunes o un diciembre de esos años
no la sal
no que lavé la gangrena
con la que te cobrabas
el respiro.
 
Nunca como tú
esquivaré la sed
su esguince, mi miseria.
 
Prefiero la palabra
su paso certero hacia el abismo.
 
 
 
Os vermes delapidam a carne do meu avô
descosem-lhe os dedos
para os vomitar nos meus olhos.
Aceito ser oceano para a sua perna
corto o músculo, o andado e até o osso
aparto
de si mesmo.
Escureço em paz.
 
Em troca, falarei eu
a podridão
serei a sua voz descalça, a sua pureza.
Plena
no tecido onde emudeceu o seu sangue
esfolarei a minha língua de onze anos
para a minha língua ser clara.
 
Talvez guarde uma segunda-feira ou um dezembro desses anos
não o sal
não o ter lavado a gangrena
com que recuperavas
o fôlego.
 
Nunca como tu
evitarei a sede
o seu entorse, minha miséria.
 
Prefiro a palavra
o seu caminho firme para o abismo.