quinta-feira, abril 25, 2024

olivia oropeza

 EL DILUVIO
 
Una poeta escribe de su madre:
 
Y la vida se cura en un diluvio
de luz contra el incendio
la lluvia nos bautiza
 
En este incendio que inició
mi madre al morirse
después de parirme
nunca llegará un diluvio
 
Las gotas que caigan
sobre el fuego
serán sólo sombras
 
alucinantes de calma
 
En este entierro al que acudo
cada día, donde mueres,
irremediablemente siempre,
madre, está lloviendo
 
La llovizna, una esperanza
un dibujo de tu silueta
joven y eterna
 
Y el diluvio que acaba con tu incendio
no es tu madre, madre, sino tu hija
 
que renace de la tierra
y retoma tu vida extinta,
y se llama muerte
 
y lleva tu nombre
 
y no se salva
 
 
 
 
 
O Dilúvio
 
Uma poeta escreve de sua mãe:
 
E a vida cura-se num dilúvio
de luz contra o incêndio
a chuva nos batiza-nos
 
Neste incêndio que iniciou
a minha mãe ao morrer
depois de me parir
nunca chegará um dilúvio
 
As gotas que caírem
sobre o fogo
serão apenas sombras
 
alucinantes de calma
 
Neste enterro a que acudo
todos os dias, onde morres,
irremediavelmente sempre,
mãe, está a chover
 
A morrinha, uma esperança
um desenho da tua silhueta
jovem e eterna
 
E o dilúvio que acaba com o teu incêndio
não é a tua mãe, mãe, mas a tua filha
 
que renasce da terra
e retoma a tua vida extinta,
e se chama morte
 
e anda com o teu nome
 
e não se salva