quarta-feira, setembro 04, 2024

jan rosagel


ESTIRPE DE LA GRIETA
 

Abuela
 
Nació sin desnudez
sin tiempo y sin caricia,
Nació como una yegua salvaje
que tiene que apresurar su paso
para que no  la dejaran atrás.
 
Fue  migrante
como un pájaro que huye del invierno,
Ella huyo del hambre.
 
Se casó
como se lo ordenó dios
fue obediente y  fue silencio
como se lo ordenó dios,
tuvo  el sexo siempre abierto
siempre disponible,
como lo ordenó dios
parió seis criaturas
omo se lo ordenó el señor.
Murió  anhelando  la vida y la ternura
como se lo ordenó dios.
 
Madre
 
Se embarazó cuando tenía 16 años,
cuando mi abuela se enteró
bailó sobre la foto de su recuerdo​​
 
de sus quince años hasta romperla.
En el hospital —al ir a parir—
la enfermera
le rajó  de más
la vulva
y, con la vulva
rota, parió
una niña león,
una niña
que escribe versos.
 
Hija
 
Nací en luna llena
el mismo día que mi abuela paterna
heredé sus lunares, oscuras estrellas​​
en la nariz, en el pecho,​​
en el ombligo,
en la planta del pie izquierdo.
Eso comprobaba la duda,
Sí, era hija de mi padre.
 
Mi primer alimento fue mi madre:
belleza tibia,​​
lágrima que prometía la vida.
Siempre fui enorme,
callada, transparente
con una grieta
que me partía justo a la mitad.​​
 

 
 
 
ESTIRPE DA FENDA
 

Avó
 
Nasceu sem nudez
sem tempo e sem carícia,
Nasceu como uma égua selvagem
que tem de apressar o seu passo
para não a deixarem para trás.
 
Foi migrante
como um pássaro que foge do inverno,
Ela fugiu da fome.
 
Casou-se
como Deus lhe mandou
foi obediente e foi silêncio
como Deus lhe ordenou,
teve o sexo sempre aberto
sempre disponível,
como deus lhe mandou
pariu seis criaturas
como lhe mandou o senhor.
Morreu a desejar a vida e a ternura
como lhe ordenou deus.
 
Mãe
 
Engravidou quando tinha 16 anos,
quando a minha avó descobriu
dançou sobre a foto da sua memória
dos seus 15 anos até a partir.
No hospital - ao ir parir -
a enfermeira
cortou-lhe demais
a vulva
e, com a vulva
cortada, pariu
uma menina leão,
uma menina
que escreve versos.
 
Filha
 
Nasci na lua cheia
no mesmo dia que a minha avó paterna
herdei os seus sinais, escuras estrelas
no nariz, no peito,
no umbigo,
na sola do pé esquerdo.
Isso comprovava a dúvida,
Sim, era filha do meu pai.
 
A minha primeira refeição foi a minha mãe:
beleza morna,
lágrima que prometia a vida.
Eu sempre fui enorme,
calada, transparente
com uma fenda
que me partia precisamente a meio.