quinta-feira, maio 09, 2024

nathalie quintane


DANS LA BANDE DE GAZE
 
Dans la bande de Gaze, les routes ne sont pas impraticables et le boulevard qui longe la mer n’est pas défoncé, il longe la mer.
 
Il y a de l’eau, de l’eau potable, de l’électricité et des toilettes. On va aux toilettes dans la bande de Gaze, elles ne sont pas bondées, il y a des kits d’hygiène et chaque personne a sa propre salle de bains, chaque personne n’est pas traitée comme une ordure.
 
L’accès à Internet n’a pas été coupé car les bombardements sont loin d’être incessants et il n’y a guère de pénuries d’énergie. On peut donc accéder aux informations vitales et même appeler les premiers secours.
 
De même, on peut retirer tout l’argent que l’on veut puisque les banques n’ont pas été détruites.
 
Les habitants de la bande de Gaze n’ont pas été déplacés, ils continuent d’habiter dans leurs maisons non-détruites, non-incendiées, tout comme leurs véhicules sont non-détruits, non-incendiés. Tout n’a pas été aplati.
 
Par conséquent, on ne peut pas dire non plus que des cimetières ont été rasés et que les corps de différentes tombes se soient mélangés— et personne ne s’est filmé en train de dédier la destruction d’un immeuble à sa fille pour son anniversaire.
 
Dans le même ordre d’idées, on n’a pas enterré vivants des blessés ou des malades dans la cour de l’hôpital où ils étaient hospitalisés, on n’a pas mis le feu à ce qui reste comme provisions aux habitants non-morts d’un quartier non-dévasté, on n’a pas filmé des civils presque nus et agenouillés dans la rue et quand par hasard on a exhumé quelques corps de la bande de Gaze, on a creusé une fosse commune près d’une plage, puis on a fait venir une pelleteuse pour les recouvrir de sable pendant les funérailles.
 
Des naissances ont lieu à Gaze : les hôpitaux sont non-détruits, il y a abondance de médicaments et les nouveaux-nés ne risquent pas de mourir. Les enfants ne sont pas amputés sans anesthésie et aucun ne demande qu’on lui rattache ses jambes.
 
Quand il fait beau, on va à la plage non pour se laver mais pour se baigner et jouer au ballon, même si les tentes ne sont pas brûlantes comme des fours et l’air n’est pas comme du feu.
 
Dans leurs bureaux, sur le terrain, dans leurs maisons, dans les camps, dans leurs voitures, les habitants mangent : les boulangeries n’ont pas été ciblées et il n’en reste pas qu’une seule.
De ce fait, les enfants ne sont pas obligés d’errer sans réussir à trouver du pain et personne ne se distrait à pétrir des graines ou de la nourriture pour animaux moulue pour en faire un ersatz.
 
Ils se nourrissent de fèves, de thon et de haricots en boîte, par exemple, et s’il n’y a plus de fèves, de thon et de haricots en boîte ils ramassent des herbes, de telle sorte qu’ils ne sont pas réduits à manger du fourrage.
 
 

 
 
 
NA FAIXA DE GAZA
 
Na faixa de Gaze, as estradas não estão impraticáveis e a avenida que corre ao longo do mar não está rachada, corre ao longo do mar.
 
Há água, água potável, eletricidade e casas de banho. Vamos às casas de banho na faixa de Gaza, não estão superlotadas, há kits de higiene e cada pessoa tem a sua própria casa de banho, nenhuma pessoa é tratada como lixo.
 
O acesso à Internet não foi cortado porque os bombardeamentos estão longe de ser incessantes e não há escassez de energia. Assim, podemos aceder a informações vitais e até mesmo chamar os primeiros socorros.
 
Do mesmo modo, pode-se retirar todo o dinheiro que se quiser, uma vez que os bancos não foram destruídos.
 
Os habitantes da faixa de Gaza não foram deslocados, continuam a viver nas suas casas não destruídas, não incendiadas, tal como os seus carros não foram destruídos nem incendiados. Nem tudo foi deitado chão.
 
Consequentemente, também não se pode dizer que os cemitérios tenham sido arrasados e que os corpos das várias campas se tenham misturado uns com os outros; e ninguém foi filmado enquanto dedicava a destruição de um edifício à sua filha no dia do seu aniversário.
 
Do mesmo modo, os feridos ou os doentes não foram enterrados vivos no pátio do hospital onde anteriormente estiveram internados, nem se pegou fogo ao que restava de provisões para os residentes não mortos de um bairro não devastado, não se filmaram civis quase nus e ajoelhados na rua e quando por acaso se exumaram alguns corpos da faixa de Gaza, não foi cavada uma vala comum ao pé de uma praia, para depois trazer uma escavadora para cobrir tudo com areia durante os rituais fúnebres.
 
Há nascimentos em Gaza: os hospitais não estão destruídos, há uma abundância de medicamentos e os recém-nascidos não correm o risco de morrer. As crianças não são amputadas sem anestesia e nenhuma delas suplica que lhe voltem a colocar as pernas.
 
Quando está bom tempo, vamos à praia não para tomar banho, mas para nadar e jogar à bola, já que as tendas não são quentes como fornos e o ar não é como fogo.
 
Nos seus escritórios, no campo, nas suas casas, nos campos, nos acampamentos, nos seus carros, os habitantes comem: as padarias não foram atingidas e não há só uma.
 
Por causa disso, as crianças não são obrigadas a vaguear sem conseguir encontrar pão e ninguém se distrai amassando sementes ou alimentos moídos para animais para torná-los um substituto.
 
Todos se alimentam de favas, atum e feijão enlatado, por exemplo, e se não houver mais favas, atum e feijão enlatado, apanham ervas, de modo que não ficarem reduzidos a comer forragem.