une lueur me prend à l’estomac. je veux comprendre. les cortégraphes expliquent, schémas à l’appui. à votre naissance, votre mémoire n’était rien de plus qu’un peu de gaz au fond de vos yeux. pour se constituer, faire matière, la mémoire agrège autour d’elle toutes les poussières présentes dans son environnement : poussières issues des bouches des parents, des bouches des grands-parents, des bouches du reste de la famille, des bouches des voisinexs, des bouches des présentateuricexs, du journal de 20h, des bouches des adorables cochons dans les livres d’histoires avant de s’endormir, des bouches des copainexs, des couinexs, des idoles… oui, toutes les bouches font de la poussière pour constituer la planète qui vous servira de mémoire durant la vie entière. son sol est composé des grains de toutes les voix que vous avez entendues jusqu’à l’âge de 7 ans. après ça, eh bien, ça reste stable. c’est d’ailleurs à ce moment-là que les souvenirs cessent de s’enfuir.
um brilho prende-me no estômago. quero compreender. os cortógrafos explicam, esquemas de apoio. ao nascer, a sua memória era apenas um pouco de gás no fundo dos seus olhos. para se constituir, fazer matéria, a memória agrega em seu torno todas as poeiras presentes no seu ambiente: poeiras saídas das bocas dos pais, das bocas dos avós, das bocas do resto da família, das bocas da vizinhança, das bocas de pivots do jornal das 20h, das bocas dos adoráveis porcos nos livros de histórias antes de adormecer, das bocas das companhias, da grunhice, dos ídolos... sim, todas as bocas fazem poeira para constituir o planeta que servirá de memória durante toda a vida. o seu solo é composto pelos grãos de todas as vozes que vocês ouviram até à idade dos 7 anos. depois disso, pois bem, permanece estável. aliás, é nesse momento que as memórias deixam de fugir.
um brilho prende-me no estômago. quero compreender. os cortógrafos explicam, esquemas de apoio. ao nascer, a sua memória era apenas um pouco de gás no fundo dos seus olhos. para se constituir, fazer matéria, a memória agrega em seu torno todas as poeiras presentes no seu ambiente: poeiras saídas das bocas dos pais, das bocas dos avós, das bocas do resto da família, das bocas da vizinhança, das bocas de pivots do jornal das 20h, das bocas dos adoráveis porcos nos livros de histórias antes de adormecer, das bocas das companhias, da grunhice, dos ídolos... sim, todas as bocas fazem poeira para constituir o planeta que servirá de memória durante toda a vida. o seu solo é composto pelos grãos de todas as vozes que vocês ouviram até à idade dos 7 anos. depois disso, pois bem, permanece estável. aliás, é nesse momento que as memórias deixam de fugir.