quinta-feira, outubro 31, 2024

isidora oyarzún

  
Bipolar
 
Me carga el ruido, pero odio que me callen
Detesto a los flojos, pero odio a los que trabajan
Quiero atención, pero también quiero mi espacio
Deseo el amor, pero odio con facilidad
Quiero estar bien, pero amo la tragedia
Sobrevivo por medicamentos, pero no me los tomo
Quiero ser delgada, pero como hasta atragantarme
Río de nada, y lloro por todo
Me encanta la música efervescente, pero no me gusta bailar
Y si pudiera bailar, serían tonadas lúgubres
Quiero manejar, pero me da miedo el auto
Soy adulta, pero soy niña
Tengo fe, pero no creo en nada
Clamo la paz, pero adoro la guerra
Ansío el futuro, pero lo desprecio con mi pasado
Quiero sanar, pero no tengo cura
Quiero vivir, pero deseo la muerte
Deseo la muerte, pero quiero una vida esplendorosa
Quiero vivir, quiero morir, quiero vivir…
 
 
 
 
Bipolar
 
Atordoa-me o barulho, mas odeio que me mandem calar
Odeio preguiçosos, mas odeio os que trabalham
Quero atenção, mas também quero o meu espaço
Desejo amor, mas odeio com facilidade
Quero estar bem, mas amo a tragédia
Sobrevivo com medicamentos, mas não os tomo
Quero ser magra, mas como até me engasgar
Rio de nada, e choro por tudo
Fascina-me a música efervescente, mas não gosto de dançar
E se pudesse dançar, seriam toadas lúgubres
Quero conduzir, mas tenho medo do carro
Sou uma adulta, mas sou criança
Tenho fé, mas não acredito em nada
Clamo a paz, mas adoro a guerra
Anseio pelo futuro, mas desprezo-o com o meu passado
Quero curar-me, mas não tenho cura
Quero viver, mas desejo a morte
Desejo a morte, mas quero uma vida esplendorosa
Quero viver, quero morrer, quero viver...


quarta-feira, outubro 30, 2024

ana carolina quiñonez salpietro


Lecciones de nado
 
Sumerges
tus ojos abiertos
en lugares manchados
por el moho
y la pérdida
 
Botones y cierres
se alejan
flotando en la piscina
como niñas
al final de una clase
de nado sincronizado
 
En la orilla
tiembla tu cuerpo
como un pez que se despide
 

 
 
 
Aulas de natação
 
mergulhas
olhos abertos
em lugares manchados
por mofo
e perda
 
Botões e fechos
afastam-se
flutuando na piscina
como meninas
no final de uma aula
de natação sincronizada
 
Na praia
treme o teu corpo
como um peixe que se despede

terça-feira, outubro 29, 2024

lucía patiño hoyos


Prednisolona
 
Un sapo me mira
desde el espejo
 
Sus ojos amarillos
casi líquidos
recorren mi rostro
desconcertados
porque no se reconocen en mí
 
 
 
 
 
Prednisolona
 
Um sapo olha para mim
do espelho
 
Os seus olhos amarelos
quase líquidos
percorrem o meu rosto
desconcertados
porque não se reconhecem em mim


segunda-feira, outubro 28, 2024

quinny martínez hernández


Aire
 
Esta noche ella se va a sentar a la mesa de sus ganas y comerá lo que le antoja, será libre, será ella, será feliz…
Esta noche se irá de marcha, y comerá ese postre que ha esquivado siempre…
Esta noche la mujer de ojos grandes y tacones que tocan al cielo, bajará a tierra, comerá hamburguesas, lamerá sus dedos y reirá a carcajadas…
Esta noche ella está abierta a un polvo de verdad, sin facturas ni plus que cobrar…
Esta noche va camino de la gloria con un hombre real, no lleva corbata, no paga con tarjetas de crédito, ni quedan cheques por cobrar…
Esta noche quiere libertad, chupitos de hierbabuena y libertad; nada reservado, nada de caviar…
 
 
 
Ar
 
Esta noite, ela vai sentar-se na mesa do seu desejo e comer o que lhe apetecer, será livre, será ela, será feliz...
Esta noite sairá para a festa, e comerá aquela sobremesa que sempre evitou...
Esta noite a mulher de olhos grandes e saltos altos que tocam o céu, descerá à terra, comerá hambúrgueres, lamberá os seus dedos e rirá às gargalhadas...
Esta noite está aberta para uma verdadeira queca, sem faturas ou outras coisas  para cobrar...
Esta noite vai a caminho da glória com um homem de verdade, não usa gravata, não paga com cartões de crédito, nem tem cheques para cobrar...
Esta noite quer liberdade, shots de hortelã e liberdade; nada de encomenda, nada de caviar...
 

domingo, outubro 27, 2024

belén ojeda


Jamás aprendí a bordar
pero la tradición me ha enhebrado
a la cadeneta
Llevo los puntos de cruz
en la espalda
 
* 
Últimamente
he desistido de los vuelos en ícarus
Los niños son amantes
de matar pájaros
con tiros de honda
 
*
Los dromedarios tienen la memoria en su joroba.
Dicen que acumulan grasa para resistir las travesías pero, quienes migran con estos animales, saben que llevan allí los dolores de la especie.
Algunos viajeros han dejado testimonio de que al principio solo existían dromedarios, hasta que las hembras ensancharon sus recuerdos y los dromedarios  comenzaron a llamarlas camellos.
 
 

 
 
Nunca aprendi a bordar
mas a tradição tem-me enfiado
a maquineta
Carrego os pontos de cruz
nas costas
 
*
Ultimamente
desisti de voos em ícaros
as crianças são amantes
de matar pássaros
com tiros de fisga
 
*
Os dromedários têm a memória na sua corcova.
Dizem que acumulam gordura para resistir às viagens, mas, quem migra com esses animais, sabe que levam ali as dores da espécie.
Alguns viajantes deixaram testemunho de que, no início, só havia dromedários, até que as fêmeas alargaram as suas memórias e os dromedários começaram a chamá-las camelos.

sábado, outubro 26, 2024

pamela cuenca

 
Fui universo, granitos de arena alrededor del tiempo. Fui lluvia, mojando las calles para hacer espejos. Fui tierra, en mí nacieron pequeñas raíces que se sujetaban suavemente. Fui equilibrio, una cuerda floja de la que siempre caía, al revés. Un témpano de hielo atravesó mi oído izquierdo, un soplo caliente lo derritió todo. Soy un hombre que no mira pero lo ve todo. Soy un vestigio de estrella que aún brilla aunque esté muerta. Agujeros negros para que jamás comprendan lo que escribo. El que no siente no se puede quedar a juntar las cáscaras de naranja. Cascadas se levantan para abrazar mi espalda, cae ligero el aire para no mantenerse siempre invisible.
Pedir amor como raciones de alimento en la guerra más oscura. Luciérnagas se encienden para apagarse. Fui encierro, una niña sin pies que baila en estacas. Fui escalera, los caminantes ascendieron pisando cada escalón y me dolía. Fui alcancía, un anciano me llenaba de monedas, para romperme. Un candelabro que ilumina la habitación donde una mujer—andamio se desarma todas las partes.
 
 

 
 
Estive universo, granitos de areia em volta do tempo. Estivei chuva, molhando as ruas para fazer espelhos. Estive terra, em mim nasceram pequenas raízes que se seguravam no suave. Estive equilíbrio, uma corda frouxa da qual sempre caía, ao contrário. Um iceberg de gelo atravessou o meu ouvido esquerdo, um sopro quente derreteu tudo. Estou um homem que não olha, mas vê tudo. Estou um vestígio de estrela que continua a brilhar depois de morta. Buracos negros para que nunca compreendam o que escrevo. Quem não sente não pode ficar a juntar as cascas de laranja. Cachoeiras levantam-se para abraçar as minhas costas, cai leve o ar para não se manter sempre invisível.
Pedir amor como ração de comida na guerra mais escura. Pirilampos acendem-se para se apagarem. Fui confinada, era uma criança sem pés que dançava em estacas. Fui escada, os caminhantes subiam pisando cada degrau e doía-me. Fui mealheiro, um idoso encheu-me de moedas, para me quebrar. Um candelabro que ilumina o quarto onde uma mulher-andaime é desarmada de todas as partes.