sexta-feira, maio 03, 2024

antonia cerrato

  
Porque nunca pude
memorizar un poema,
escribo versos sobre el agua
 
para que el agua los cante
y en el viento se sequen…
y en el viento se olviden.
 
Porque nunca supe
ordenar las estrellas,
y a las constelaciones
cambié su nombradía
 
enciendo velas a lo largo del río
que desemboca confuso
en el corazón del hombre.
 
Porque nunca sabré
el amor que me tienes
ni el odio que a ratos
pone cerco
al espíritu en tránsito,
 
porque jamás entenderé
un solo porqué de la vida,
 
me dejo morir en un poema
escribiendo versos de agua
 
para que en el viento se sequen
para que en el viento resuciten.
 

 
 
Porque nunca consegui
decorar um poema,
escrevo versos sobre a água
 
para que a água os cante
e no vento se sequem
e no vento se olvidem.
 
Porque nunca soube
a ordenação das estrelas,
e às constelações
mudei-lhes o nome
 
acendo velas ao longo do rio
que desemboca confuso
no coração do homem.
 
Porque nunca saberei
o amor que me tens
nem o ódio que às vezes
monta cerco
ao espírito em trânsito,
 
Porque nunca entenderei
um único porquê da vida,
 
deixo.me morrer num poema
escrevendo versos de água
 
Para que no vento se sequem
para que no vento ressuscitem.

quinta-feira, maio 02, 2024

liliana celiz


De montañas en la arena, rocas en la arena en la mitad
de nuestros nombres caídos como pájaros sin sol
 
quemados en el sol en plena calle del crepúsculo, cabalgado
entre ciruelos, los estilos atinados de torpeza, luces en el fondo
de algún río, por detrás de la caída de los nombres
 
de la tarde
en manos púrpuras como el viento en lo interior del ave en plena
costa, entre pañuelos verdes que coagulan como sombras
 
calles idas por detrás de la secuencia del deseo
montañas en la arena
 

 
 
De montanhas na areia, rochas na areia no meio
dos nossos nomes caídos como pássaros sem sol
 
queimados no sol em plena rua do crepúsculo, cavalgado
entre ameixas, os estilos atinados de falta de jeito, luzes no fundo
de um rio, por trás da queda dos nomes
 
da tarde
em mãos púrpuras como o vento no interior da ave em plena
costa, entre lenços verdes que coagulam como sombras
 
ruas idas por trás da sequência do desejo
montanhas na areia
 

quarta-feira, maio 01, 2024

celia corral cañas


La historia no es exacta, ingenuo Homero.
Es cierto, yo cosía, descosía,
cosía y descosía, sin embargo,
no había en mi trabajo el objetivo
que tú interpretaste en tu lectura.
Ulises se alejó para mi suerte,
inmerso en una estúpida aventura,
y yo encontré mi paz y mi equilibrio,
mi espacio conquistado, mi persona,
en el placer oscuro del rechazo
a aquellos pretendientes deseosos
-tronista convencida y exigente-
y en dedicar mi tiempo a la costura
tan libre y azarosa como un viaje.
Creo que no captaste mi intención:
yo no esperaba a nadie, yo cosía.
No sabes, pobre Homero, que el relato
lo escribieron mis manos impacientes
en un vaivén de agujas, desconoces
que era mi tejido inacabado
el misterio, el poema, la Odisea.
 
 
A história não é exata, ingénuo Homero.
É verdade, eu cosia, descosia,
cosía e descosía, porém,
não havia no meu trabalho o objetivo
que interpretaste na tua leitura.
Ulisses afastou-se para bem dos meus pecados,
imerso numa estúpida aventura,
e eu encontrei a minha paz e o meu equilíbrio,
o meu espaço conquistado, a minha pessoa,
no prazer escuro da rejeição
daqueles pretendentes desejosos
-trono-star convencida e exigente-
e em dedicar o meu tempo à costura
tão livre e aleatória como uma viagem.
Acho que não captaste a minha intenção:
eu não estava à espera de ninguém, eu costurava.
Não sabes, pobre Homero, que o relato
foi escrito pelas minha mãos impacientes
num vaivém de agulhas, desconheces
que era o meu tecido inacabado
o mistério, o poema, a Odisseia.


terça-feira, abril 30, 2024

nancy cunard


Zeppelins
 
I saw the people climbing up the street
Maddened with war and strength and thoughts to kill;
And after followed Death, who held with skill
His torn rags royally, and stamped his feet.
 
The fires flamed up and burnt the serried town,
Most where the sadder, poorer houses were;
Death followed with proud feet and smiling stare,
And the mad crowds ran madly up and down.
 
And many died and hid in unfounded places
In the black ruins of the frenzied night;
And death still followed in his surplice, white
And streaked in imitation of their faces.
 
But in the morning men began again
To mock Death following in bitter pain.
 
 

 
Zepelins
 
Vi as pessoas a subir a rua
enlouquecidas pela guerra e força e pensamentos assassinos;
E atrás seguia a morte, operando com talento
Os seus trapos rasgados com realeza, batendo os pés.
 
Os fogos incendiaram e queimaram a cidade cercada,
Principalmente onde as casas mais tristes e pobres estavam;
A Morte caminhava com andar orgulhoso e olhar sorridente,
E a multidão furiosa corria para cima e para baixo.
 
E muitos morreram e se esconderam em sítios não evidentes
Nas negras ruínas  da noite frenética;
E a morte ainda seguiu com a sua sobrepeliz, branca
E raiada em imitação dos seus rostos.
 
Mas de manhã os homens começaram de novo
Para escarnecer da morte que lhes seguia a amargurada dor.